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DAR LIMITES É DAR AMOR!

  • carolinamachadobas
  • 28 de abr.
  • 3 min de leitura


A regra está fora de nós quando somos crianças. Guardem com carinho essa afirmação. Imaginem um ser chegando a esse mundo, ainda mais no mundo de hoje, e se deparando com uma infinidade de regras, de condutas de comportamento, de uma sociedade cada vez mais titubeante em relação aos limites. A criança chega ao mundo dotada de um desejo por conhecê-lo, por explorar as suas múltiplas possibilidades, por desbravá-lo com seus sentidos, por se conectar a ele de corpo e de alma. E ela faz tudo isso de uma só vez, agora, potente, intensa.


Quem já presenciou aqueles momentos de empolgação, de histeria, como diria a minha avó? Aqueles momentos que os adultos identificam como agitação, como “fogo no rabo”, de formiguinha no bumbum? A criança não para quieta, se mexe, pula, grita, se agita quando se conecta ao mundo e quando vê que suas vontades poderão ser atendidas. Esses momentos são a expressão da afirmação de que a criança, quando pequena, acha que o mundo gira ao redor de seus desejos. E tudo bem! Faz parte do crescer. O problema é quando o mundo (e leia-se aqui: os responsáveis pelas crianças) não traduz para ela a complexidade que significa viver em grupo, no coletivo.


Viver em grupo é, sim, ter de abrir mão, ter de transformar o seu desejo original em algo diferente, de saber que todos e todas sejam capazes de se beneficiarem ou de não serem prejudicados. E tudo bem! 


Essa condição de entendimento, ou essa compreensão, não se aprende da noite para o dia e nem brota se não for ensinada. Naturalmente, o desenvolvimento do que podemos chamar de caráter ou de personalidade (aqui estou sendo super genérico) não se desenvolve positivamente (de novo, genérico, desculpem!). 


O que quero lhes dizer é que educar é um ato generoso de atribuir sentido ao que sentimos, a como realizamos nossos sentimentos em ações, em como mudamos a vida das pessoas e do mundo com elas. Educar, em casa e na escola, depende da nossa ação afetiva em direção ao mundo exterior. Educar de dentro para fora e de fora para dentro. 

Limites

Para educar de fora para dentro é preciso dar limites, dar contornos. Ser claro, ser direto, ser franco, verdadeiro com o que está posto no grupo social. No começo, a criança acha que é uma chatice do mundo. A regra está fora dela. E isso significa que ainda não tem sentido para a sua vida. Para que tomar banho, dormir cedo, não pegar o brinquedo da outra criança sem pedir, falar obrigado? Coisa chata! A criança enxerga tudo isso como um dever sem significado algum. Algo que só adia sua vontade de ter o mundo só para ela. 


Educar de dentro para fora é ajudar a criança a internalizar tudo o que assimilou do mundo nos primeiros anos de vida e criar espaços de expressão potentes: pode ser via artes plásticas, música, corpo, com conversas, com brincadeiras. Na escola, claro! 


Aprender as regras sociais é unir o que há dentro com o que há fora. E como ela aprende tudo isso? Insistência, repetição, paciência e permanência! São os meus pilares quando o tema é limites. Insistir nas regras que fazem sentido para a sua família e para o contexto social que vive é acreditar no poder do coletivo. É acreditar na ancestralidade do que está posto. Respeito. Repetição é condição para alguns aprendizados. E a repetição gera permanência das regras. Permanência é a ética que falta aos corruptos. Só se corrompe quem acha que as regras podem ser impermanentes: ainda mais quando se trata das minhas vontades de poder e de grana, né? E paciência, porque é o que mais precisamos ter na educação de crianças. É respeitar os tempos da criança e dar a ela a chance de tentar, de se refazer, de acertar e errar e aprender com tudo isso. 


Dar limites significa, então, ao contrário do que se pressupõe, se conectar ao mundo. Interromper um fluxo egoísta e conduzi-lo ao mundo, ao social. Por isso é afetivo, é um gesto de amor! É ensinar ser e estar no mundo.



 
 

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