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UMA EDUCAÇÃO NASCIDA NO APRENDIZADO

  • carolinamachadobas
  • 28 de abr.
  • 3 min de leitura

Como deveria ser construído o conhecimento na escola? Reflito muito sobre essa dupla “ensino e aprendizagem” já há tempos. Toda a lógica pedagógica está estruturada a partir da crença de que o “melhor ensino” cria as “melhores cabeças”. Daí, nasceram e se propagaram diversas teorias pedagógicas que são baseadas na forma e na maneira como se ensina como principal recurso para desenvolver cognição e intelecto das crianças.


As tais correntes pedagógicas, que são vomitadas nas famílias quando procuram escolas, prometem efetividade, afetividade, conteúdos, produtos e processos de acordo com suas perspectivas de vida, de conceito de criança, de desenvolvimento infantil. Nessas últimas décadas, vimos nascer inúmeras dinâmicas de aula, de diferentes correntes, que se baseiam sempre no vir a ser. A educação, tal como conhecemos, é um “vir a ser” sem fim. É um planejamento que não se faz no hoje. Os projetos de educação são verdadeiros “planos previdenciários” que adiam o hoje, prometendo entregar, no futuro, um adulto criativo, com iniciativa, empático, reflexivo e crítico. Educação como resultado, educação só baseada no ensino. Vejam todos os documentos escolares escritos nas últimas décadas e poderão ler a mesma coisa. Isso sempre me incomodou. Principalmente porque educação é relação. E a relação pressupõe atenção ao presente, ao que te acontece no momento, levando em conta com quem está e onde está. Relação entre a pessoa, a cidade, a família, a escola, a cultura. Algo que se faz no gerúndio e que não está escrito em lugar algum. Algo que te acontece somente no ato de educar, naquele exato momento presente. A educação do presente está baseada no aprendizado. E aí está a beleza e a responsabilidade de ser educador: estar atento ao que te acontece para poder mobilizar e chamar a atenção do que se passa diante da relação que estabelece com seu estudante. Naquele momento, acontece o aprendizado.

Aprendizado é acontecimento. É transformação. É a costura entre dois pontos que não se conheciam e, muitas vezes, nem se relacionavam. Aprendizado é a afirmação da intimidade e da individualidade, mas também é a afirmação do ser coletivo, pois nada tem importância nesse processo se não formos capazes de transformar as pessoas e o meio.


Principalmente porque educação é relação. E a relação pressupõe atenção ao presente, ao que te acontece no momento, levando em conta com quem está e onde está. Relação entre a pessoa, a cidade, a família, a escola, a cultura. Algo que se faz no gerúndio e que não está escrito em lugar algum. Algo que te acontece somente no ato de educar, naquele exato momento presente.

A educação baseada no “a priori do ensino”, baseada em metodologias e correntes pedagógicas, é importante para organizarmos os procedimentos, os conteúdos, mas a verdadeira educação deveria nascer do aprendizado. De acordo com o que se aprende, de como se aprende, ou seja, das estratégias que cada pessoa tem para mobilizar conhecimento, deveríamos estruturar as escolas. Imaginem um currículo escolar que abre possibilidade para a individualização das formas de ensinar? E como chegaríamos nesse lugar? Lançamos os desafios, os estímulos (em forma de aula, de tarefas, de leituras), os estudantes se relacionam com as mesmas, produzem registros, avaliamos esses registros (não falo de prova, mas pesquisando a maneira como pensaram sobre o saber) e criamos instrumentos, intervenções, conteúdos específicos para cada um, para cada uma! Gente, sem essa de dizer que, só porque uma coisa é difícil por conta dos contextos, estamos impossibilitados de pensar e de sonhar. As grandes transformações do mundo nasceram da ruptura entre o real e o possível!


A educação do ensino afasta a família do ato de ensinar, de educar. Sim, família educa e ensina, sim (vide o que nos aconteceu na pandemia). E justamente o que nos aconteceu na pandemia nos provou que o ensino engessado, quadrado, não funciona para as mentes e corações dessa infância e dessa juventude. Respeitar e estar atento ao aprendizado das crianças e jovens é lhes dizer que os escutamos, que estamos juntos e juntas nesse processo. Diálogo. É afirmar que a escuta é tão importante quanto a fala. Conversa. O ensino só sabe responder. O aprendizado quer perguntar, tem sede por mais. Ensinagem: o que nasce entre ensinar e aprender. Sonhemos.


MARCELO CUNHA BUENO

 
 

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