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COMO DESENVOLVER ESPIRITUALIDADE NA INFÂNCIA?

  • carolinamachadobas
  • há 5 dias
  • 3 min de leitura


Eu cresci num lar de amor. Cresci aprendendo a admirar a lua, o sol em suas diferentes faces, o vento no rosto, o gosto amoroso das mãos dadas em aventuras, o colo que consola. Cresci entre palavras de afeto de uma mãe que jamais poupou dizer que me amava.


A meu ver, a espiritualidade é uma maneira sensível de se relacionar com pessoas e com o mundo. Com as pessoas, desenvolvemos a empatia, a generosidade, a cumplicidade, a solidariedade, o amor. Com o mundo, desenvolvemos o cuidado, a gratidão, o respeito, a inspiração, a contemplação e a atenção plena. Mundo e pessoas, no fim, a mesma coisa.


E isso se aprende ao longo das nossas vidas. As crianças aprendem com seus adultos: em casa ou na escola. Exemplos, referências, coerências entre pensamento e atitudes.


Ser espiritualizado é ser pleno. Essa plenitude que conhecemos na consciência de que somos quem podemos ser (e tá tudo bem!). Ser espiritualizado é um processo de autoconhecimento que nos chega no aprendizado da relação com o ambiente. Saber ouvir, saber perdoar, não culpar, livrar-se do ressentimento para tomar decisões, livrar-se da raiva para evoluir.


A educação que oferecemos para as nossas crianças pode ser decisiva para que elas se tornem mais espiritualizadas. Mais conscientes e atentas. Por isso, é importante voltarmos nossa atenção aos afetos, ao cuidado com os sentimentos, aos repertórios oferecidos a elas para que signifiquem o mundo. Temos de fugir do raivoso, do binário, do fragmentado, das polarizações, dessa moral que incute culpa ao invés de ensinar pela construção, pelo voto de confiança na humanidade, que sempre pode melhorar (pode?).


Precisamos ajudar as crianças a desenvolverem a intuição: respeitar os próprios tempos para conseguirem captar o que está presente nos encontros e desencontros. Perceber a miudeza existente nas relações. Respeitar isso que nos chega pelo corpo como mensagem, silenciar e estar presente para conseguir entender o que nos acontece a cada tempo.

Queremos que estejam presentes. Sem distrações mundanas: celulares, aplicativos, e-mails na palma da mão. Fazer uma coisa de cada vez: chega de achar lindo ser multitarefa! Ninguém faz nada inteiro e bem feito se tiver ruído de dezenas de outras coisas distraindo. Um passo de cada vez, controlando ansiedade e emoções.


Desenvolver gratidão. Para isso, precisamos racionalizar os processos para elas. Sentir, falar sobre, refletir e agradecer. Depois, devolver ao mundo com nossas atitudes. Essa é a verdadeira gratidão, quando há troca. Reconhecimento.


Ajudar que se percebam sempre completas. Inteiras. Temos mania de sempre avaliarmos e julgarmos as crianças pelas suas faltas. Mas, gente, o que falta no hoje? Nada! Somos o que podemos ser sempre! Completos e abertos para a transformação. As coisas boas não ocupam lugares que sobram! As coisas boas abrem espaços novos para novas coisas boas.


Temos de ensiná-las a cultivar os encontros com a natureza. Uma árvore, uma plantinha, um por do sol, o vento. Tudo ativa a sensibilidade para o mundo em que vivemos. Cuidar da natureza é cuidar de quem somos e seremos. Inspirar-se com as artes. Permitir-se arrepiar com um filme, música, movimento, foto, pintura, escrita! A alma se enche de amor pelo que o humano produz!


No fim das contas, o que queremos das nossas crianças (e de nós mesmos) é que sejam capazes de viver em paz, buscando gentileza – e, quando ela não for suficiente, dar mais gentileza ainda. Queremos que façam por inteiro: sem esperar algo em troca, nem no plano material, muito menos nas trocas afetivas. 


Para isso, é preciso respirar. Ensinar as crianças a respirarem. Como numa meditação: interromper o fluxo dos “teres” e fazeres para somente estarmos no aqui e agora: com o nosso corpo, diante das nossas vidas, vivendo enquanto se respira. Ser. Crescer.

 


 
 

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