Escola - parte 1
- carolinamachadobas
- há 5 dias
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A escola é sempre um convite
Gosto demais de pensar que a escola nos move sempre para pensar sobre questões diversas, inesperadas. A escola é sempre um convite. Um convite para nos dispormos às relações de maneira intensa, potente. Pelo menos, assim deveria ser! É por isso que essa instituição, essa geografia, é tão forte em nossa sociedade.
E o mais interessante é que toda vez que paramos para analisar a escola, conseguimos entender por que ela é o reflexo, reprodução, disparador dos movimentos que emergem socialmente, culturalmente.
A escola, ao longo dos anos, acabou assumindo muitos papéis. A da que cuida, a da que educa, que disciplina, que ensina determinados assuntos, que multiplica outras expressões. Vemos, nos dias de hoje, escolas que caminham por searas tão diversas que até ficamos, enquanto pais e mães, confusos na hora de escolher uma escola para os nossos filhos e filhas. Há escolas religiosas, há escolas que se chamam tradicionais, construtivistas, humanistas, interacionistas... técnicas, bilíngues, espirituais, rígidas, moderadas, espontaneístas... e por aí vai.
E cada uma delas tem uma maneira particular de articular os seus movimentos, os seus pensamentos, a forma como avaliam, planejam, incentivam, desafiam e se relacionam com família e sociedade. Em qualquer uma dessas escolas, o mais importante é que consigam refletir sobre as questões que chegam, todos os dias, em nossas portas.
Mas sabe o que eu acabo sentindo como educador? É que acabamos por complicar coisas que são simples de serem resolvidas. Uma das tarefas que mais me encanta na educação é a de simplificar aquilo que começa a ficar complicado. Muitas vezes, a escola gosta de falar complicado. Gosta de complicar temas. Afasta-se, portanto, das famílias. Que até se sentem envergonhadas de perguntar coisas, de questionar temas. Todos nós, educadores e famílias, temos um bem em comum: crianças! É ou não é? Então, nossa missão é fazer uma educação descomplicada, mais leve.
O tema desse texto é refletir um pouco sobre o papel da escola nas comemorações de datas religiosas e outras datas que estão presentes em nosso calendário... dia das mães, dos pais, das crianças.
Tudo começa em uma escolha. A escolha da escola em ser um espaço de comemorações infinitas, porque eu vou dizer uma coisa: escola que para a todo instante para celebrar essa data, fazer presente para pai e mãe, desenhar coelho, ensaiar passinhos, não tem tempo para ensinar, não tem tempo para criar uma relação criativa e intensa entre professores, escola e crianças. Imagine o que é, todos os anos, a escola se mobilizar para dar conta do mesmo calendário? Bem, quem decide por esse esquema, paga esse preço. E a família tem de ter muito claro esse aspecto e ponderar se datas comemorativas são prioridade na educação de filhos e filhas.
As escolas particulares que são religiosas têm todas as justificativas para celebrar seu calendário religioso. Escolas que decidem não comemorar nada são escolas que devem formar as famílias dos porquês de suas decisões. Qual é o motivo, além de ser uma lei federal que diz que toda escola deve ser laica, da escola não celebrar a páscoa, o natal e datas afins. Não dá para a escola se fechar e simplesmente dizer: aqui não comemoramos e ponto!
Escolha da escola, escolha da família.
Particularmente, acho muito importante fazermos memória com alguns temas. Comemorar a importância de estarmos juntos. Para mim, a escola pode encontrar outras formas de celebrar o coletivo, sem esperar que essas datas cheguem. As festas populares são interessantes e podem ser um lindo motivo para estarmos todos juntos. Abrir as portas para além do período de aula, aos sábados, por exemplo, e convidar famílias e comunidade para celebrarmos a presença de crianças, pais e mães no espaço escolar.
Sabemos que essas datas de comemoração de dia dos pais, mães e crianças são para aquecer uma economia, não é? Sim, eu adorava o dia das crianças e, só quando fiquei mais velho, entendi esse papo de economia. E o que dizer daquele que tem outra configuração familiar? Sem o pai, sem a mãe, criado pelos avós, com duas mães, com dois pais? Como seria dar conta de todos esses movimentos? Mas o que de fato queremos é acalentar corações com afeto. E não precisamos dessas datas para isso! Por que a escola deveria incentivar tais datas?
A escola, a meu ver, deveria ser o espaço de afirmação do hoje, de cada dia, de cada instante. Tudo deve ser celebrado, comemorado. Com respeito, com cuidado, com afeto e atenção às individualidades!