ADAPTAÇÃO NA ESCOLA E O CHORO
- carolinamachadobas
- 28 de abr.
- 2 min de leitura

Adaptação é um aprendizado para todos e todas.
Antes de a criança entrar na escola, costumo chamar as famílias para uma conversa. Uma conversa que tem como objetivo desmistificar alguns pontos que permeiam esse período. O primeiro ponto fundamental é fazer com que a família perceba que as pessoas envolvidas com a escola são de carne e osso. Muitas famílias fantasiam sobre as(os) habitantes da escola. Tiro aquela imagem de que sabemos tudo, entendemos de tudo, somos perfeitos. Escola é um espaço de imperfeições também! Gosto de mostrar que não sabermos também sobre as coisas é muito importante para que estabeleçamos uma relação provida de sinceridade e confiança.
Outro ponto desmistificado é a ideia de que estar adaptada(o) não significa acordar todos os dias com um sorriso no rosto, pronta(o) para encarar o que der e vier. Estar adaptada(o) não é sinônimo de entrar sorrindo na escola, despedir-se sem choro, entrar na sala de aula sem problemas e ter um montão de amigas(os).
Estar adaptada(o) é se sentir segura(o) e confiar nesse novo espaço. Pense que a criança, até antes de entrar na escola, só tem a família, que já é muito, como referência. Ela é referência também! Suas vontades e desejos dominam, de certa forma, as relações. Esse núcleo, formado pelas(os) responsáveis pela criança, é o regente de sua vida. Quando ela entra na escola, muitas coisas acontecem. A primeira é que percebe, aos poucos, que não é mais o centro das atenções. Ela tem de repartir colos, beijos, abraços, brinquedos e papéis com outras crianças. A(O) responsável por ela, a professora ou o professor, não fará tudo o que ela quer, na hora pedida por ela. Sua vida de rei e rainha terminou! Isso é difícil para ela. Difícil de aceitar e de encarar.
Adaptar, nesse sentido, é significar e acompanhar a criança nesse período. Explico às famílias que o caminho na escola é como se fosse um daqueles jogos de percurso: cada casa, um desafio novo. A criança, diante desses desafios, dessas superações, pode querer voltar para uma casa lá atrás de vez em quando. Anda duas para frente e cinco para trás... Ela precisa fazer isso para checar, verificar que não pertence mais a esse espaço. Já o superou. Isso não é regredir, como pode parecer, é crescer! Chorar para ir à escola, fazer manha, é comum... O que você não pode deixar acontecer é que isso vire uma rotina. Seja firme, converse com ela(e), ressalte as qualidades da escola, converse sobre as amigas e os amigos, a professora e o professor...
Adaptação é um aprendizado para todos e todas. É a chance da escola se apresentar, mostrar que sabe conduzir as coisas. É o espaço para que trabalhemos, em conjunto, nossos medos, inseguranças e expectativas em relação a algo que é fundamental: a educação das crianças.
A criança, quando chega à escola, parece Sampa de Caetano Veloso: “É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi... Quando te encarei frente a frente não vi o meu rosto... E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho... E foste um difícil começo, afasto o que não conheço...”. O bom é que vira música para a vida toda! Boa sorte e bom começo de vida escolar!